segunda-feira, 7 de março de 2011

um pouco do livro marley & eu:
no 1 cap,primeira coisa do livro,onde ele fala do seu 1 cao:
No verão de 1967, quando eu tinha dez anos de idade, meu pai
cedeu aos meus insistentes pedidos e levou-me para comprar meu próprio
cachorro. Fomos juntos na caminhonete da família até uma boa
distância do centro urbano dentro do Estado de Michigan numa
fazenda dirigida por uma mulher bem roceira e sua mãe muito velha. A
fazenda produzia apenas uma mercadoria — cachorros. Cachorros de
todo tipo, tamanho, idade e temperamento imaginável. Eles possuíam
apenas duas coisas em comum: todos tinham procedência totalmente
indistinta e desconhecida, e poderiam ser levados a qualquer hora para
um novo lar. Estávamos num nicho de cães.
— Pense bem, meu filho — disse papai. — Quem você decidir
levar hoje vai viver com você por muitos e muitos anos.
Rapidamente decidi que os cachorros mais velhos deveriam ficar
com outras pessoas. Imediatamente corri para a gaiola dos filhotes.
— Você vai escolher um que não seja tímido — meu pai caçoou.
— Faça barulho nas grades e veja quais deles não se assustam.
Agarrei as barras da gaiola e bati com força. Cerca de uma dúzia
de filhotes se assustaram e correram para o fundo, caindo uns por
cima dos outros, embolando-se todos. Apenas um não se mexeu. Ele
era dourado com uma mancha branca no peito e avançou sobre a
grade, latindo sem medo. Ele saltou e lambeu os meus dedos
avidamente através das barras de ferro. Foi amor à primeira vista.
Eu o trouxe para casa numa caixa de papelão e chamei-o de
Shaun.Ele era o tipo de cachorro que marca todos os outros cachorros.
Ele aprendeu tudo o que lhe ensinei sem esforço e era naturalmente
bem comportado. Eu poderia jogar um naco de comida no chão que ele
não pegaria até que lhe desse permissão. Ele me atendia quando eu o
chamava e ficava parado quando eu ordenava. Poderíamos deixá-lo
passear à noite, sabendo que retornaria depois de fazer seu passeio.
Nem sempre o deixávamos sozinho, mas poderia ficar em casa por horas
sem companhia, confiantes de que não se machucaria nem mexeria em
nada.
é,esse cãozinho e tão obediente q pode passealo com ele ate sem coleira.agora vamos ver +:
Ele estava comigo quando fumei meu primeiro (e o meu último)
cigarro e quando beijei minha primeira namorada. Ele estava bem do
meu lado no banco da frente quando saí escondido com o carro do meu
irmão mais velho para dar minha primeira volta no quarteirão.
Shaun era espirituoso, porém controlado, amoroso e calmo.
e no 2 cap
Nós éramos jovens. Estávamos apaixonados. Estávamos nos
deleitando naqueles sublimes primeiros dias de casamento quando a
vida parece que não pode se tornar mais maravilhosa. Mal
conseguíamos ficar longe um do outro.
Então, numa noite de janeiro de 1991, eu e minha mulher,
casada há quinze meses comigo, jantamos rapidamente e partimos para
responder a um anúncio classificado do Palm Beach Post.
Por que estávamos fazendo isso, eu não tinha certeza.
...lembrando q estou monstrando um pouco do livro.+:
— Ah... — eu disse, num tom gentil de marido recém-casado,
ainda pisando em ovos. — Há algo que eu deveria saber?
Ela não me respondeu.
— Jen... Jen?
— É a planta — ela disse, finalmente, num tom de voz
ligeiramente desesperado.
— A planta? — perguntei.
— Aquela planta estúpida — ela disse. — Aquela que nós
matamos.
Aquela que nós matamos? Eu não queria mencionar o assunto,
mas, apenas esclarecendo, foi a planta que eu comprei e que ela
matou. E a trouxe de surpresa, certa noite, uma imensa comigoninguém-
pode, com folhas em belos tons bege, amarelo e esmeralda.
— Qual é a ocasião? — ela perguntou.
Mas não havia nenhuma. Eu lhe dei a planta sem nenhum
motivo especial além de querer dizer a ela:
— Nossa, não é ótimo estarmos casados?
Ela adorou tanto o meu gesto quanto a planta e agradeceu-me,
jogando seus braços em volta do meu pescoço e beijando-me nos lábios.
Então, foi imediatamente matar o presente que dei a ela com uma eficiência
fria e assassina. Não que ela quisesse matá-la; como se fosse nada, ela
aguou a coitadinha até morrer. Jenny não tinha grandes pendores para
plantas. Imaginando que todos os seres viventes precisam de água, mas
aparentemente se esquecendo que também precisam de ar, ela se pôs a
encharcar a planta diariamente.
— Tome cuidado para não aguá-la demais — eu a prevenia.de água na coitadinha.
Quanto mais fraca a planta ficava, mais água ela colocava, até
praticamente dissolvê-la.
... +,qd john leva jenny á escolhe o cão:
— Imagino que devam estar loucos para ver os filhotes.
Ela nos conduziu através da cozinha até um quarto de serviço que
fora transformado em berçário. O chão estava coberto de folhas de jornal
e, num canto estava uma caixa baixa forrada com antigas toalhas de
praia. Mas mal reparamos nesses detalhes. Como poderíamos, ao ver
nove filhotes amarelos minúsculos, um subindo por cima do outro,
tentando ver quem eram os novos estranhos que apareciam ali? Jenny
suspendeu sua respiração.
— Meu Deus — ela disse. — Acho que nunca vi algo tão lindinho
em toda a minha vida.
Sentamo-nos no chão e deixamos os filhotes subir por cima de nós,...
A ninhada tinha cinco fêmeas e quatro delas já estavam
reservadas e quatro machos. Lori estava pedindo US$ 400 pela última
fêmea e US$ 375 pelos machos. Um dos machos parecia ter-se
apaixonado por nós. Ele era o mais palhaço de todos e avançava sobre
nós, pulando no nosso colo e agarrando-nos com as patas para escalar
pela roupa e lamber nosso rosto. Ele mordiscava nossos dedos com
dentes de leite afiados e andava trôpego em círculos à nossa volta com
patas redondas gigantescas, totalmente fora de proporção quanto ao
restante do seu corpo.
— Este vocês podem levar por US$ 350 — disse a criadora.
Jenny é uma caçadora de barganhas que traz para casa qualquer
coisa que sequer queiramos ou precisemos apenas porque estava sendo
vendida a um preço atraente demais para ser deixada para trás.
— Sei que você não pratica golfe — ela me disse um dia, puxando
um conjunto de tacos usados do carro. — Mas você não acreditaria no
preço que paguei por eles.
Agora eu via seus olhos se iluminarem.
— Ah, amorzinho — ela arrulhou. — Estezinho está a preço de
liquidação!
Eu tive de admitir que ele era adorável. E elétrico, também. Antes
que eu percebesse o que ele iria fazer, o danadinho havia mastigado
metade da correia do meu relógio.
— Temos de fazer o teste do medo — eu disse.
Eu havia contado a Jenny inúmeras vezes a história de como
escolhera São Shaun quando era menino, e que meu pai me ensinara a
fazer um movimento brusco ou um barulho bem alto para distinguir os
tímidos dos mais confiantes. Sentada entre os filhotes, ela revirou os olhos
como sempre fazia toda vez que se deparava com um comportamento
estranho da família Grogan.
— E sério — eu disse —, isso funciona.
Eu me levantei, me afastei dos filhotes, então me virei
rapidamente de novo, avançando de repente na direção deles com um
passo largo. Bati o pé e exclamei:
— Ei!
Nenhum deles parecia ter-se abalado com as minhas contorções.
Apenas um pulou, encarando-me de frente. Era o Cão de Liquidação. Ele
avançou sobre mim, entrando entre meus calcanhares e agarrando os
meus cadarços como se fossem perigosos inimigos que precisassem ser
destruídos.
— Creio que este seja o escolhido pelo destino — disse Jenny.
— Você acha? — eu perguntei, pegando-o e segurando-o numa
das mãos diante do rosto, estudando suas feições.
Ele olhou para mim com olhos marrons chorosos de cortar o
coração e então lambiscou o meu nariz. Eu o coloquei nos braços de
Jenny e ele repetiu o gesto.
— Com certeza ele parece gostar de nós — eu disse.
E assim foi feito. Entregamos um cheque de US$ 350 à Lori e ela
nos disse que poderíamos voltar para levar nosso Cão de Liquidação
para casa em mais três semanas, quando ele teria oito semanas de idade
e estivesse desmamado. Agradecemos a ela, fizemos um último carinho
em Lily e nos despedimos.
... pra escolhe o nome dele:— Chelsea? — eu perguntei. — Esse é um nome tão sofisticado.
Nenhum cão macho teria esse nome.
— Como se ele se importasse com o próprio nome — Jenny
replicou.
— Caçador — eu disse. — Caçador é perfeito.
— Caçador? Você está brincando, não é? O que deu em você, um
ataque de machismo esportivo? E um nome masculino demais. Além
disso, você jamais caçou na sua vida.
— Ele é um macho — respondi, espumando. — Ele deve ser
masculino. Não transforme isto em um dos seus discursos feministas.
Isso não estava dando certo. Eu estava perdendo a paciência. No
momento em que Jenny iria partir para o contra-ataque, eu rapidamente
tentei reforçar meu candidato favorito:
— O que tem de errado com Louie?
— Nada, se você for um frentista de posto de gasolina — ela
replicou.
— Ei! Olha a língua! Este é o nome do meu avô. Acho que então
deveríamos batizá-lo com o nome do seu avô? “O bom cão Bill!”
Enquanto discutíamos, Jenny, num gesto automático, caminhou
até o estéreo e apertou o botão do toca-fitas. Era uma de suas
estratégias de combate marital. Em dúvida, afogue o oponente. Os
acordes reggaes ritmados de Bob Marley começaram a pulsar pelos altofalantes,
produzindo um efeito meloso praticamente instantâneo sobre
nós dois.
Havíamos apenas descoberto o cantor jamaicano falecido quando
nos mudamos de Michigan para a Flórida. No Meio-Oeste americano
apenas ouvíamos Bob Seger e John Cougar Mellencamp. Mas aqui no
caldo étnico pulsante do sul da Flórida, a música de Bob Marley, mesmo
uma década depois de sua morte, estava por toda parte. Ouvíamos no
rádio do carro enquanto descíamos a Biscayne Boulevard. Ouvíamos
tomando cafés cubanos na Pequena Havana e comendo carne de
galinha à moda jamaicana nos pequenos pés-sujos dos sombrios bairros
de imigrantes a oeste de Fort Lauderdale. Ouvíamos enquanto
experimentávamos pela primeira vez uma fritada de moluscos no Festival
de Bahamian Goombay em Coconut Grove em Miami, e fazendo compras
de arte haitiana em Key West.
Quanto mais explorávamos, mais nos apaixonávamos, tanto com o
sul da Flórida e um pelo outro. E sempre ao fundo, aparentemente,
estava Bob Marley. Ele estava lá enquanto tostávamos na praia,
enquanto pintávamos as paredes verdes da nossa casa, quando
acordávamos ao amanhecer com os gritos dos papagaios selvagens, e
fazíamos amor com a primeira luz que filtrava através da pimenteira
brasileira que tínhamos em frente à nossa janela. Nós nos apaixonamos
pela música dele pelo que ela era, mas também por aquilo que ela
definia, o momento em nossas vidas quando deixamos de ser dois e nos
tornamos um. Bob Marley era a trilha sonora de nossa nova vida juntos
neste lugar estranho, exótico e mal-ajambrado, tão diferente de
qualquer outro onde tivéssemos vivido.
E agora, dos alto-falantes, surgia nossa canção preferida dentre
todas, por ser tão pungente e bela, e falar direto ao nosso coração. A
voz de Marley tomou a sala, repetindo o refrão várias vezes: “Is this
love that I’m feeling?”. E, nesse mesmo momento, como se tivéssemos
ensaiado por várias semanas, gritamos, em uníssono:
— Marley!
— É isto! — exclamei. — Este é o nome que estávamos
procurando.
Jenny sorriu, o que era um bom sinal.
Eu ensaiei:
— Venha, Marley! — ordenei. — Sente, Marley! Bom garoto,
Marley!
Jenny se juntou a mim:
— Meu Marley queridinho-inho-inho...
— Ei, eu acho que funciona — disse.
Jenny também achava. Nossa briga acabara. Finalmente
tínhamos o nome de nosso filhote.
Na noite seguinte, depois do jantar, entrei no quarto onde Jenny
estava lendo e eu disse:
— Acho que precisamos incrementar um pouco o nome dele.
— Do que você está falando? — ela perguntou. — Nós adoramos o
nome.
Eu havia lido os papéis de registro do American Kennel Club.
Como um labrador puro-sangue com ambos os pais devidamente
registrados, Marley tinha direito a um registro da AKC também. Isto
apenas seria necessário se planejássemos fazê-lo participar de
exposições ou ter uma criação de cães, quando este papel realmente se
tornava importante. Para um cão de estimação, no entanto, seria
supérfluo. Mas eu tinha grandes planos para o nosso Marley. Esta era a
primeira vez que eu tinha a chance de me aproximar da nobreza,
incluindo a minha própria família. Bem como São Shaun, o cão da
minha infância, de uma linhagem sem distinção. A minha representava
mais países do que a União Européia. Este cão era o mais próximo que
eu chegaria do sangue azul, e eu não deixaria passar nenhuma
oportunidade que me fosse oferecida. Admito que deixei isto me subir à
cabeça.
— Vamos imaginar que queiramos inscrevê-lo em competições —
eu arrematei. — Alguma vez você já viu o campeão com apenas um
nome? Eles sempre têm nomes compridos, como Sir Darworth de
Cheltenham.
— E seu dono, Sir Dorkshire de West Palm Beach — replicou
Jenny.
— Estou falando sério — respondi. — Poderíamos ganhar
dinheiro fazendo-o competir. Você sabe quanto as pessoas pagam por
cães de topo de linha? Todos eles têm nomes extravagantes.
— Faça o que você quiser, meu amor — disse Jenny e voltou a ler
seu livro.
Na manhã seguinte, depois de queimar a mufa até tarde da noite,
peguei-a diante da pia do banheiro e disse:
— Bolei o nome perfeito.
Ela me olhou, cética:
— Diga — ela desafiou.
— Ok. Está pronta? Aí vai.
Pronunciei cada um dos nomes lentamente:
— Grogan’s Majestic Marley of Churchill.
Puxa, pensei, isso soa verdadeiramente nobre.
— Puxa — respondeu Jenny —, isso soa realmente imbecil.
Nem liguei. Eu iria lidar com a papelada, e já tinha escrito o
nome. A caneta. Jenny poderia torcer o nariz quanto quisesse. Quando
Grogan’s Majestic Marley of Churchill recebesse as honras máximas na
Exposição de Cães do Westminster Kennel Club dentro de alguns anos, e
eu passeasse gloriosamente com ele em volta do picadeiro diante de
uma audiência de televisão internacional simplesmente encantada,
veríamos quem iria rir por último.
— Vamos lá, meu duque de nada — disse Jenney —, vamos
tomar o café da manhã.
...
— Eu não vou estar aqui para trazer o pequeno Marley para casa
— ela disse.
— Vá — eu disse. — Eu vou buscar o cachorro, vou acomodálo
e deixá-lo esperando por você chegar em casa.
Tentei parecer despreocupado, mas intimamente eu estava
exultante com a perspectiva de estar sozinho com o novo cachorrinho
por alguns dias num reconhecimento masculino mútuo sem
interrupções. Ele era nosso projeto conjunto, tão meu quanto dela. Mas
eu nunca acreditei que um cachorro pudesse obedecer a dois senhores,
e se fosse para escolher entre os dois na hierarquia doméstica, queria
que fosse eu. Esse curto período de três dias iria me dar esta vantagem.
Uma semana depois, Jenny viajou para Orlando — uma viagem
de três horas e meia de carro. Naquela noite, depois do trabalho, sextafeira,
voltei à casa da criadora para buscar a nova aquisição para o
nosso lar. Quando Lori trouxe meu novo cachorro dos fundos da casa,
meu queixo caiu. O filhotinho que tínhamos escolhido três semanas
antes tinha agora mais do dobro do tamanho. Ele avançou na minha
direção e colocou a cabeça entre os meus tornozelos, caindo junto aos
meus pés e virando de barriga para cima, as patas no ar. Eu interpretei
como um sinal de súplica. Lori deve ter percebido o meu choque e disse:
— Ele está crescido, não está? — perguntou ela, alegremente. —
Você deveria vê-lo comer toda a ração do prato.
Eu me abaixei, fiz um carinho em sua barriga e disse:
— Está pronto para ir para casa, Marley?
Era a primeira vez que eu usava o seu novo nome, e me soou
perfeito.
No carro, coloquei algumas toalhas de praia para fazer um ninho
confortável para ele no banco de passageiro e o acomodei sobre ele.
Mas mal me afastei da entrada de carro e ele começou a se
movimentar e a sair das toalhas. Ele se arrastou em minha direção,
choramingando enquanto avançava. No meio do console, Marley se
deparou com o primeiro de inúmeros de obstáculos que ele encontraria
ao longo de sua vida.
...
— Marley — eu disse, alegremente, levando-o até lá —, este é o
seu quarto.
Espalhei brinquedos para ele morder, coloquei jornais no meio da
garagem, enchi uma vasilha com água, e transformei uma caixa de
papelão forrada com lençóis velhos em uma cama para ele.
E é aqui que você vai dormir — eu disse, colocando-o dentro da
caixa.
Ele estava habituado a dormir numa cama dessas, mas sempre a
dividiu com seus irmãos. Agora ele dava voltas do lado de dentro e
olhava desconsolado para mim. Para testá-lo, saí da garagem e fechei a
porta. Fiquei parado, ouvindo. Num primeiro momento, não houve
nenhum ruído. Em seguida, ele começou a ganir baixinho, quase
inaudível. E depois cresceu para um choro convulso. Parecia que estava
sendo torturado.
Eu abri a porta e assim que me viu ele parou de chorar. Eu me
aproximei e acariciei-o por alguns minutos e saí novamente. Do outro
lado da porta, comecei a contar. Um, dois, três... Ele esperou sete
segundos para começar a ganir e chorar de novo. Repetimos a mesma
cena diversas vezes, todas com o mesmo resultado. Eu estava cansado e
decidi que era hora de ele chorar até dormir. Eu deixei a luz da garagem
acesa para ele, fechei a porta, fui até o outro lado da casa e me deitei na
minha cama. As paredes de concreto não conseguiam abafar seus
ganidos. Continuei deitado, tentando ignorá-los, imaginando que a
qualquer minuto ele desistiria e iria dormir. O choro continuou. Mesmo
depois de tapar os ouvidos com o travesseiro, ainda conseguia ouvi-lo.
Eu pensei nele lá fora sozinho pela primeira vez na vida, neste lugar
estranho, sem um único cheiro de cachorro por perto. Ele não via sua
mãe nem seus irmãozinhos. Coitadinho dele. Eu gostaria de estar no
lugar dele?
Esperei mais meia hora antes de me levantar e ir até ele. Assim
que me viu, sua expressão se alegrou e seu rabo começou a bater nos
lados da caixa de papelão, como se dissesse: “Venha aqui para dentro,
tem lugar de sobra para nós dois!”.
Em vez disso, levantei-o dentro da caixa e levei-o para o meu
quarto, colocando-o no chão ao lado da minha cama. Deitei-me na
beira da cama, e deixei meu braço pendurado para dentro da caixa.
Ali, com a mão sobre ele, sentindo o seu peito subir e descer enquanto
respirava, desmaiamos de sono.

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